segunda-feira, 5 de março de 2012

O ateísmo em militância...

Não descarto, de modo algum, o papel centralizador da religião desde os primórdios das civilizações humanas. Impérios foram criados e desfeitos em nome da fé, quer em deuses, quer em monarcas divinizados. As grandes obras humanas da antiguidade, que permanecem até hoje, têm conotação religiosa, ou estão intimamente ligadas à astronomia, determinando uma aspiração nossa de estarmos ligados com o céu acima de nós, talvez nossa experiência mais sagrada. Nós temos conosco a ambição da transcendência, da permanência, o desejo de prosseguir além da morte e as religiões são criadas também em função dessa nossa necessidade de não sermos apenas animais perenes num mundo em mudança continua. E, além disso, temos um senso de obediência ao centro bastante arraigado. Basta que reconheçamos o pai ou o líder do bando, e estamos aptos a segui-lo.

O problema todo acontece quando seres humanos, alçados à liderança de grupos humanos e aproveitando-se dessa vulnerabilidade humana, não se utilizam de todo potencial humano sob seu comando para o engrandecimento de nossa espécie mas para fins de autopromoção, auto engrandecimento e principalmente, destruir os obstáculos no caminho. Ateus, pelo fato de não estarem à mercê de lideranças religiosas, têm mais facilidade de encontrarem os problemas intrínsecos no arrebanhamento de humanos... Não se trata de má vontade, portanto, mas de uma avaliação do que de fato religiões acabam sendo em mãos inescrupulosas: meios de enriquecimento ilícito de alguns, controle e manutenção do "status quo" da grande maioria mantida na ignorância. Ah, sim, a vulnerabilidade também é explorada por políticos inescrupulosos. Daí a necessidade, principalmente, da manutenção da ignorância das massas.

É nesse sentido que, nas mãos erradas, Religião é Veneno. Porque nubla o raciocínio, impede questionamentos, nubla a razão através de ameaças... ou promessas de benesses vindouras, tirando o foco do aqui agora, onde as reais mudanças acontecem e lançando os crédulos sem capacidade de discernimento na constante dúvida de serem merecedores inclusive dos infortúnios que os acometem como tábua de salvação. Enquanto pagam seus dízimos e suas dívidas eternas para os pastores do rebanhão...

Não se trata de radicalismo quando esses problemas são apontados. Deveria servir, acima do mal estar que provoca nos membros de grandes congregações, para que houvesse um maior comprometimento por parte das lideranças religiosas em não continuarem cegos guiando cegos. No entanto, munindo-se ainda dos poderes a eles concedidos pela exploração inescrupulosa de nossa vulnerabilidade aos desmandos de quem detém o poder e pretensamente nos guia à transcendência, mostram-se profundamente ofendidos ao serem apontados como cânceres impedindo nosso desenvolvimento como espécie e lançam maldições e projetos de lei atualmente no Brasil, ao invés de mudarem sua forma inescrupulosa de controle das massas ao seu comando.

Trata-se, acima de tudo, de um desejo de que essa realidade mude! O problema não está na religião em si nem na religiosidade inerente ao humano através de sua propensão de identificar e seguir o centro, mas no uso indevido do poder atribuído a alguns mal intencionados que, abusando da liberdade concedida de fazerem o que bem entendem com as rezes sob seu comando, continuam com a tarefa de engrandecimento das próprias contas bancárias e de suas reputações ilibadas em conformidade com a fé de que estão em comunhão com Deus e portanto, em conformidade com a sua vontade, enquanto o povo permanece na mais absoluta ignorância.

Veja como até mesmo a conotação de "vós sois deuses" foi deturpada de seu significado libertador contido nas palavras atribuídas a Jesus quando se fala em submissão a Deus. Que de pai, passa a "governante" exigindo tributos. Que de benevolente para com toda a criação, passa a vingador de injustiças cometidas contra seus representantes... condenando ao fogo do inferno, ou à condição de execrável quem não estiver em conformidade com suas leis. Até o amai-vos uns aos outros é relegado a último plano quando se fala em aceitar diferenças... E o ódio ao semelhante, travestido de obediência a Deus, é disseminado de forma descarada e no entanto, totalmente dissimulada pelos que dizem seguir as escrituras acima de seus corações.

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